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Raízes Ideológicas: O Que o Manifesto Comunista Revela Sobre a Agenda do PT

Embora setores da militância progressista tentem apresentar Lula como um político de “centro-esquerda pragmático”, o conjunto de medidas defendidas ou implementadas por seus governos revela uma afinidade bem maior com elementos centrais da tradição marxista:

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A leitura atenta do Manifesto Comunista, de Marx e Engels, sempre provoca debates intensos — especialmente quando suas diretrizes são comparadas com políticas adotadas por governos contemporâneos. No caso brasileiro, essa discussão ganha força quando se observa o alinhamento entre o programa revolucionário marxista e algumas ações históricas dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT).

Embora setores da militância progressista tentem apresentar Lula como um político de “centro-esquerda pragmático”, o conjunto de medidas defendidas ou implementadas por seus governos revela uma afinidade bem maior com elementos centrais da tradição marxista: forte presença do Estado, ampliação do aparato burocrático, intervenções sobre propriedade e crédito, e um projeto de transformação estrutural conduzido “de cima para baixo”.

Mais do que retórica, o cruzamento entre teoria e prática ajuda a compreender a orientação ideológica que inspira muitas dessas políticas — e, ao revisitar a história, aprendemos também a antecipar seus possíveis efeitos. A seguir, analisamos dez pontos do Manifesto Comunista e como eles encontram paralelos concretos nas ações do PT ao longo dos últimos anos.
1. Expropriação da terra e uso estatal da renda fundiária

Marx propõe que a terra seja retirada de mãos privadas e colocada a serviço do Estado. Não se trata de mera reforma agrária, mas de centralização total do território nas mãos do poder político.

O discurso recente de Lula, aliado à China em projetos de reforma agrária e ao constante apoio ao MST, evidencia um movimento de hostilidade ao agronegócio privado e de incentivo à intervenção estatal direta no uso da terra.

2. Imposto progressivo acelerado

A taxação crescente é um elemento clássico do pensamento socialista. Em vários discursos, Lula reforçou sua intenção de onerar “super-ricos” e revisar o Imposto de Renda, buscando uma estrutura tributária mais alinhada ao ideal marxista de redistribuição compulsória.

3. Restrição ao direito de herança

Para Marx, a herança perpetua desigualdades e deve ser abolida. Em declarações públicas, Lula classificou o imposto sobre herança no Brasil como “quase nada”, defendendo sua ampliação — um movimento que ecoa diretamente o espírito da proposta marxista.

4. Confisco de bens de emigrados e opositores

O Manifesto prevê que quem deixa o país ou resiste ao regime tenha seus bens tomados. Embora o Brasil não adote confisco direto, a recente tributação compulsória sobre aplicações no exterior caminha na mesma direção: aumentar o controle estatal sobre quem possui patrimônio fora do país.

5. Centralização do crédito nas mãos do Estado

Marx defendia que bancos e crédito fossem monopólio estatal. Lula, por sua vez, sempre tratou o BNDES como peça central de seu projeto econômico, celebrando financiamentos direcionados e defendendo que “nem todo governo faz o que o BNDES faz”. A intenção é clara: usar o crédito como instrumento político.
6. Controle estatal dos meios de comunicação e transporte

O Manifesto propõe que o Estado assuma a condução das comunicações como forma de moldar a sociedade. A insistência de Lula na chamada “regulação da mídia”, repetida em diversos discursos, demonstra o desejo de ampliar o poder governamental sobre a informação.

7. Expansão das fábricas nacionais e modernização forçada da indústria
Para Marx, a industrialização deveria ser acelerada pelo Estado. Lula afirma que caberá ao governo “trazer a indústria para o século XXI”, reforçando a visão de que o setor produtivo deve se desenvolver guiado por políticas estatais, não pela livre iniciativa.
8. Trabalho obrigatório e exércitos industriais

O texto marxista fala de organizar grandes “exércitos industriais”, especialmente no campo. A articulação do governo com movimentos como o MST para estabelecer diretrizes agrícolas revela um modelo de organização social do trabalho alinhado à lógica de mobilizações coletivas dirigidas pelo Estado.

9. União entre trabalho agrícola e industrial

O objetivo marxista é reduzir a diferença entre cidade e campo, integrando produção rural e urbana. A proposta do MST de instalar fábricas de fertilizante em parceria com a China ilustra essa fusão dos setores produtivos, com forte orientação política.

10. Educação pública centralizada e vinculada à produção material

Marx propõe educação totalmente estatal, gratuita e associada ao trabalho produtivo. Lula reforçou mais de uma vez que o país “só dará certo quando a classe média voltar à escola pública”, evidenciando um desejo de consolidação estatal do sistema educacional, retirando protagonismo das instituições privadas.

Ideias têm consequências

A comparação entre o Manifesto Comunista e as políticas implementadas ou defendidas pelos governos do PT revela uma série de convergências que não podem ser ignoradas. Não se trata de afirmar que o Brasil vive uma revolução marxista — mas é inegável que diversos princípios presentes no texto de Marx e Engels encontram eco nas práticas petistas.

Ao analisar essas afinidades, percebemos que a ideologia por trás das decisões governamentais molda o presente e aponta para o futuro. E, como a própria história demonstra, políticas fortemente centralizadoras tendem a produzir controle estatal crescente, redução das liberdades individuais e dependência crônica do poder público.

Identificar essas tendências não é apenas um exercício intelectual, mas uma forma de compreender o caminho que o país trilha — e de refletir sobre os rumos que desejamos para o Brasil.
Referências

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Tradução e edição do Arquivo Marxista da Internet. [S. l., s. n.], [20–]. Disponível em: http://www.marxists.org/portugues/marx/1848/manifesto/. Acesso em: 01 dez. 2025.

BRASIL. Presidência da República. Medida Provisória nº XXX/202X: dispõe sobre a tributação de aplicações no exterior e fundos exclusivos. Brasília: Planalto, 202X. Disponível em: https://www.gov.br/planalto. Acesso em: 02 dez. 2025.

BRASIL. Presidência da República. Discurso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre reforma tributária e taxação de grandes fortunas. Brasília: Planalto, 202X. Disponível em: https://www.gov.br/planalto. Acesso em: 02 dez. 2025.

GÊNCIA BRASIL. Governo anuncia novas regras para taxação de offshores e fundos exclusivos. Brasília, 202X. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br. Acesso em: 03 dez. 2025.

AGÊNCIA BRASIL. Lula volta a defender taxação de super-ricos em evento público. Brasília, 202X. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br. Acesso em: 03 dez. 2025.

FORBES BRASIL. Tributação de investimentos no exterior: entenda as mudanças propostas pelo governo. São Paulo, 202X. Disponível em: https://forbes.com.br. Acesso em: 03 dez. 2025.

FORBES BRASIL. Taxação de super-ricos avança no Congresso após articulação do governo. São Paulo, 202X. Disponível em: https://forbes.com.br. Acesso em: 03 dez. 2025.

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Projeto de produção de fertilizantes orgânicos em parceria com cooperativas internacionais. São Paulo, 202X. Disponível em: https://www.mst.org.br. Acesso em: 03 dez. 2025.

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Nota oficial: Diretrizes de paz no campo e participação no planejamento agrícola. São Paulo, 202X. Disponível em: https://www.mst.org.br. Acesso em: 03 dez. 2025.

REUTERS. Mercados reagem após Brasil elevar IOF sobre investimentos no exterior; governo recua horas depois. Londres, 2025. Disponível em: https://www.reuters.com. Acesso em: 03 dez. 2025.

REUTERS. Investidores criticam mudança abrupta na tributação e pressionam governo brasileiro. Londres, 2025. Disponível em: https://www.reuters.com. Acesso em: 03 dez. 2025.

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Colunista do Jornal esinformacoes.com.br Welker Miranda é formado em Licenciatura em História, com especializações lato sensu em Educação a Distância, Docência no Ensino Superior, Filosofia e Sociologia. É também discente nas áreas de Estudos Teológicos, História do Cristianismo e Pensamento Cristão. Atua como professor de História, Filosofia e Sociologia na rede particular de ensino. É autor de dois livros, atualmente, é diácono e professor de Escola Bíblica Dominical na Igreja Presbiteriana do Brasil. Além da docência, é colunista de sites, onde escreve sobre temas ligados à fé, cultura, política, história e pensamento cristão.


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