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Candidato ao Senado apoiado por Paulo Hartung, Sérgio Meneguelli, é acusado pelo MPES de envolvimento em esquema de desvio de recursos na Ales.

A denúncia, distribuída à 8ª Vara Criminal de Vitória sob o número 024.08.027411-1, detalha operações fraudulentas que causaram um prejuízo superior a R$ 26 milhões aos cofres públicos, conforme relatório da Receita Federal.

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Sérgio Meneguelli, conhecido nacionalmente como o “político do exemplo”, aquele que pregava a ética e a simplicidade na vida pública, enfrenta agora a sombra de um passado que ameaça desmontar o mito que ele mesmo ajudou a criar. Documentos oficiais do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo Especial de Trabalho Investigativo (GETI), revelam que o atual deputado estadual e pré-candidato ao Senado foi denunciado por apropriação indevida de recursos públicos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (ALES) — um dos maiores escândalos financeiros da história política capixaba.

A denúncia, distribuída à 8ª Vara Criminal de Vitória sob o número 024.08.027411-1, detalha operações fraudulentas que causaram um prejuízo superior a R$ 26 milhões aos cofres públicos, conforme relatório da Receita Federal. O documento cita José Carlos Gratz, então presidente da Assembleia, como peça central do esquema, acompanhado de servidores e beneficiários que teriam se apropriado de valores por meio de cheques oficiais.

Entre os nomes denunciados, está o de Sérgio Meneguelli. Segundo os autos, ele teria recebido, em maio de 2000, a quantia de R$ 5.000,00, por meio de cheque emitido pela ALES, assinado por José Carlos Gratz e André Luiz Cruz Nogueira, e depositado diretamente em sua conta bancária pessoal. O documento do MPES detalha inclusive as informações da transação:

Processo Administrativo (ALES): 001074-6
Requerente: “Damas de Caridade de Colatina”
Valor: R$ 5.000,00
Data: 17/05/2000
Titular da conta: Sérgio Meneguelli
Banco: CEF – Agência 14.111-8

A investigação concluiu que a verba, sob aparência de doação institucional, foi desviada para fins particulares. Ou seja, a caridade, neste caso, teria servido apenas como fachada para uma operação de desvio de recursos públicos.

É nesse ponto que a contradição se torna gritante. O homem que hoje constrói sua imagem pública sobre o discurso da ética e da moralidade aparece documentado em um processo que envolve justamente o oposto: o uso indevido do dinheiro do povo. A incoerência entre o discurso e a prática levanta um questionamento inevitável: até que ponto a imagem de Meneguelli foi cuidadosamente construída para encobrir uma história menos nobre?

Mais de duas décadas depois dos fatos, Meneguelli tenta transformar sua trajetória em símbolo de “nova política” e se lança pré-candidato ao Senado Federal, supostamente com apoio do ex-governador Paulo Hartung, uma das figuras mais influentes do cenário político capixaba. O gesto de Hartung, se confirmado, representa mais do que um simples endosso eleitoral — revela a velha lógica das alianças de conveniência que tanto comprometem a renovação da política no Espírito Santo.

Parafraseando uma ideia de Platão (A República), pode-se dizer que a pior forma de injustiça é a justiça simulada, isto é, a injustiça que se disfarça de virtude. A frase encaixa-se com precisão desconfortável neste episódio: o político que se apresenta como símbolo da ética pode estar, na verdade, envolvido em um dos casos de desvio mais emblemáticos da história da ALES.

Enquanto Meneguelli tenta se posicionar como alternativa moral ao velho sistema, os documentos do Ministério Público lembram que a integridade não se comprova com vídeos emotivos nas redes sociais, nem com gestos calculados de humildade. A verdadeira ética — como ensinava Platão — é silenciosa, constante e transparente.

O eleitor capixaba tem diante de si uma escolha que ultrapassa o carisma e as aparências. O Senado Federal exige representantes de ficha limpa e reputação irrepreensível, não personagens fabricados à base de marketing e contradição. A política só se renova de verdade quando a memória do povo se torna mais forte que o discurso de quem tenta reescrever o próprio passado.

Antes de aplaudir o personagem, é preciso encarar os fatos. O Espírito Santo merece líderes que não precisem explicar depósitos suspeitos ou “doações” desviadas. A ética, afinal, não é performance — é caráter.

Fonte: Documentos oficiais do Ministério Público do Estado do Espírito Santo – GETI, Processo nº 024.08.027411-1, distribuído à 8ª Vara Criminal de Vitória.

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