O caso da técnica de enfermagem Giani Coutinho, sobrevivente mais grave do surto de infecções no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória (ES), tornou-se símbolo da luta contra uma das crises sanitárias mais marcantes do Estado em 2025. Após ser diagnosticada com Histoplasmose e, simultaneamente, infectada pela bactéria Burkholderia cepacia, Giani passou oito dias entubada na UTI, em coma, antes de iniciar uma lenta trajetória de reabilitação.
Coma, coinfecção e risco de morte: Giani atuava na ala E do hospital quando apresentou sintomas intensos, evoluindo rapidamente para insuficiência respiratória grave. Exames apontaram a presença do fungo Histoplasma capsulatum, agente responsável por um surto com mais de 30 casos confirmados no hospital, e a detecção da Burkholderia cepacia, bactéria associada aos quadros mais severos — inclusive encontrada em amostras de água da unidade durante as investigações. A combinação dos dois agentes agravou o quadro, levando à intubação e ao coma induzido. A equipe médica classificou seu estado como crítico.
“Voltei a viver”: a longa recuperação
Após dias de instabilidade clínica, Giani respondeu ao tratamento antifúngico e antibiótico, foi extubada e iniciou fisioterapia respiratória e motora. Ela relata ainda sentir fraqueza, falta de ar ao realizar tarefas simples e impacto emocional. “Foi um renascimento”, afirmou, descrevendo o trauma e o medo do retorno ao trabalho.
Sua reabilitação envolve acompanhamento multidisciplinar — infectologia, psicologia e terapia ocupacional. O que diz o hospital: O Hospital Santa Rita informou ter realizado: limpeza e descontaminação completa da ala afetada;
análises ambientais e do sistema de ventilação; testes de ar e superfícies com resultado negativo para material genético do fungo; contratação de empresa especializada em engenharia ambiental para readequação do espaço. As alas reabertas foram liberadas apenas após laudos apontarem condições seguras para funcionamento.
Um alerta sobre riscos ambientais em unidades de saúde
O surto desencadeou uma ampla investigação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que utilizou técnicas avançadas como RT-qPCR e sequenciamento por metagenômica. Os resultados reforçaram que surtos hospitalares podem se desenvolver a partir de falhas estruturais, aliados à presença de agentes ambientais como fungos e bactérias. O episódio também reacende debates sobre a necessidade de:
rotinas de manutenção preventiva, controle rigoroso da qualidade da água, inspeções ambientais frequentes, protocolos mais rígidos de biossegurança. Impacto humano além das estatísticas
O drama vivido por Giani evidencia a dimensão humana por trás das ocorrências clínicas. Mesmo após sobreviver, o caminho da recuperação física e emocional é longo. Seu relato amplia a conscientização da sociedade sobre a importância da vigilância sanitária e da infraestrutura adequada em hospitais.













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