O campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) se transformará, por três dias, em palco da 4ª Feira Estadual da Reforma Agrária — uma celebração dos 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Estado. O evento, com entrada gratuita e programação que inclui shows, batalhas de rima, homenagens e venda de produtos agroecológicos, tem patrocínio de órgãos públicos, como o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Banco do Nordeste.
A festa, no entanto, está longe de ser unanimidade. Para muitos capixabas, a iniciativa escancara o desvio de foco de um governo que prefere investir em ideologia em vez de priorizar saúde, segurança e infraestrutura. O deputado estadual Lucas Polesi (PL-ES) foi um dos primeiros a reagir com firmeza, protocolando ofícios ao governo do Estado e a órgãos de controle para questionar a destinação dos recursos e os critérios adotados para o apoio financeiro.
“O MST é um grupo contumaz na prática de crimes, não só no Espírito Santo, mas em todo o Brasil. Qual é o próximo passo? Só falta o governo do Estado patrocinar festinha do PCV, daqui a pouco?”, ironizou Polesi.
O parlamentar ainda destacou que a postura do governo evidencia uma completa “falta de senso de prioridades”, especialmente quando a população sofre com filas na saúde e deficiências em serviços básicos.
“Enquanto faltam investimentos em hospitais e os capixabas enfrentam longas esperas por consultas e cirurgias, o governo prefere financiar um evento de um movimento conhecido por invasões e desrespeito à propriedade privada”, criticou.
A Ufes, por sua vez, informou que apenas cedeu o espaço para a realização da feira, alegando que a responsabilidade integral do evento é do MST. Já o movimento tenta suavizar a polêmica, afirmando que o termo “invasão” é uma “distorção” usada para criminalizar sua luta social — preferindo chamar suas ações de “ocupações” em áreas que não cumprem a função social da propriedade, conforme o artigo 186 da Constituição Federal.
A controvérsia, porém, vai além do vocabulário. A presença do MST dentro de uma universidade pública, com recursos federais e apoio indireto do governo estadual, reforça a percepção de que o poder público tem se tornado conivente com movimentos de viés ideológico que operam à margem da legalidade. É um sinal preocupante de como a máquina estatal, que deveria servir ao cidadão e à educação, tem sido usada como palco para militância política travestida de “evento cultural”.
Enquanto o governo do Espírito Santo comemora a parceria e o MST celebra sua história, o contribuinte — aquele que sustenta tudo isso — segue assistindo à cena com um amargo sentimento de abandono. Afinal, quando o Estado prefere patrocinar a festa de quem invade, em vez de proteger quem produz, a injustiça deixa de ser exceção e passa a ser política de governo.













Deixe um comentário